A expansão do mercado imobiliário fez com que a procura por essa modalidade de crédito ganhasse destaque entre os produtos oferecidos pelos bancos neste ano. Com isso, o financiamento de imóveis foi um dos principais responsáveis pelo crescimento da carteira do BB (Banco do Brasil) e da Caixa Econômica Federal, que divulgaram ontem seus balanços.
No Banco do Brasil, a expansão do crédito imobiliário foi de 90% na comparação com o mesmo período do ano passado, com saldo de R$ 2,5 bilhões.
Já na Caixa, as contratações somaram R$ 54 bilhões no ano, crescimento de 55,8% em 12 meses. No trimestre foram R$ 20,7 bilhões contratados, valor 54,1% maior do que no mesmo período de 2009. Os financiamentos para moradia com recursos da Caixa e do FGTS somaram R$ 16,1 bilhões, acréscimo de 43,5% em relação ao mesmo período de 2009.
Para o presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), Milton Bigucci, os números não geram surpresa. Ele conta que, neste ano, 70% dos negócios fechados para a venda de imóveis dependeram de algum tipo de crédito.
“No passado, os bancos fugiam dos clientes de crédito imobiliário, não queriam ficar presos por 20 anos com medo da inadimplência. Você ia conversar com o gerente e ouvia que a carteira imobiliária estava fechada. Há alguns anos ocorreu uma mudança substancial no BC (Banco Central), que passou a aplicar 65% dos recursos da poupança em financiamentos residenciais e o cenário começou a mudar radicalmente”, explica.
Bigucci comenta que hoje não só os bancos públicos estão interessados nessa fatia de mercado. A oferta desses serviços se dissemina nas instituições privadas de olho no poder de consumo desses clientes. “O banco começou a ver o cliente não só como crédito imobiliário, mas para outras carteiras. Esse consumidor passa a ser cliente cativo e fiel ao banco em todas as frentes”, argumenta.
Para o construtor, a perspectiva é de que a procura pelos financiamentos cresça cerca de 10% no próximo ano em relação ao conquistado até aqui. “Não é um boom e sim crescimento sustentável do mercado que ainda tem grande demanda para ser atingida”, pontua.
Mesmo com o aumento do recurso ofertado, a inadimplência total (atrasos superiores a 90 dias) do crédito segue estável. Na Caixa, durante o terceiro trimestre, a taxa ficou 2% abaixo do percentual de setembro de 2009, que foi de 2,5%.
PROGRAMA SOCIAL – A oferta de créditos para consumidores das classes D e E também ganhou fôlego neste ano por intermédio do programa Minha Casa, Minha Vida, que oferece até R$ 130 mil para a construção de moradias populares. Neste trimestre, a Caixa contratou mais de 122 mil unidades habitacionais, com investimentos de R$ 7,3 bilhões no período. Até setembro deste ano, as contratações dentro do programa já superavam 665 mil unidades.
Fonte: Imobinews