Estadão
Quando decidiu que era o momento de comprar um imóvel, o educador físico Eduardo Roberto Uhle, de 33 anos, avaliou em primeiro lugar o bairro onde gostaria de morar. A ideia de ter fácil acesso ao Parque da Aclimação, na zona sul de São Paulo, o levou para o bairro do Cambuci. Uhle achou o apartamento de dois quartos que desejava, porém, abriu mão de ter acesso fácil ao transporte público.
“O entorno é bonito, o bairro é muito agradável, mas meu erro foi não levar em consideração a distância do metrô. Paguei mais barato, mas carrego esse ônus”, explica Uhle.
Com tantas opções no mercado, a pesquisa é imprescindível para fazer um bom negócio. O superintendente da imobiliária Lopes, em São Paulo, Eduardo Campos, lembra que é preciso elencar prioridades e abrir mão de itens menos desejados na hora da escolha do imóvel. “A pessoa nunca consegue reunir em um imóvel 100% das suas necessidades. Cabe ao comprador alinhar com o consultor imobiliário as adaptações necessárias, incluindo as financeiras e estruturais”, diz.
De acordo com Campos, o primeiro passo para quem vai comprar um imóvel é escolher o bairro onde deseja morar, de preferência levando em consideração local de trabalho, escola dos filhos, opções para o lazer.
“Vale a pena delimitar a macrorregião na qual se concentram as atividades cotidianas. Quanto mais próximo a pessoa residir desta área, mais confortável será a sua vida”, indica.
Ele ressalta que é sempre bom estar perto dos eixos de transporte público, mesmo que os moradores não sejam usuários assíduos.
“É preciso pensar em rodízios de veículos, em eventuais funcionários da sua casa que podem ter o acesso mais fácil, em filhos que precisem se deslocar sozinhos. Hoje, mais do que nunca, existe essa reivindicação”, conta Campos.
A professora Carolina Seixas da Silva Nicolau, de 34 anos, levou esta recomendação à risca ao decidir o local da sua nova residência. Em uma caminhada pelo Tatuapé, na zona leste de São Paulo, Carolina decidiu visitar um imóvel em exposição. Gostou do apartamento, mas não fechou negócio.
A partir de então passou a receber propaganda de lançamentos da consultora que a havia atendido. Com base no que viu em um desses folhetos, ela encontrou um apartamento que considerou compatível com seu orçamento e atendia às suas expectativas.
“Para mim, era imprescindível ter três dormitórios e duas vagas na garagem. Dei prioridade, também, ao fácil acesso à Radial Leste”, diz, referindo-se à avenida que liga o centro da cidade à zona leste. Ela também levou em conta a proximidade com a escola da filha.
Além disso, a professora considerava importante poder contar com farmácia, lavanderia, lanchonetes e metrô nos arredores da nova residência.
O diretor-geral de terceiros da imobiliária Coelho da Fonseca, Fernando Sita, afirma que há uma forte tendência na compra: a escolha de imóveis em áreas que possam diminuir os grandes deslocamentos do interessado na aquisição.
Assim, o comprador busca cada vez mais proximidade em relação a centros comerciais, shoppings centers e centros financeiros. Nesse sentido, os bairros que mais valorizaram em 2013 , segundo o executivo, são os próximos às avenidas Faria Lima e Paulista e na Vila Nova Conceição.
“O morador quer evitar ao máximo sair do bairro onde vive e trabalha. Cada vez mais, as pessoas desejam utilizar menos carro e se deslocar mais a pé e de bicicleta”, afirma Sita.
Outro aspecto que tem valorizado imóveis residenciais em São Paulo é a proximidade de áreas verdes, como parques.
Sita ressalta, também, que os preços de imóveis à venda continuam aumentando, mas em ritmo cada vez menor.
“Quem recuou em sua compra em 2008, em plena crise econômica, porque achou que os preços iam cair, não conseguiu mais comprar. O ritmo de aumento desacelerou com o tempo, mas os valores continuam aumentando.”
Para o profissional, o mais importante é pesquisar e, assim, poder contar com diversas opções antes de fechar o negócio.
Levantamento, realizado pela imobiliária Lello em 2013, aponta que a venda de imóveis residenciais cresceu 21% em relação ao ano anterior.
Ainda de acordo com a pesquisa, entre janeiro e novembro do ano passado, 30% das pessoas que deixaram o aluguel na capital paulista informam que o motivo é para a compra de um imóvel próprio.