Ambiente Brasil
Os agricultores brasileiros terão, a partir da próxima segunda-feira (2), maior disponibilidade de crédito para aderir a práticas mais sustentáveis de produção. Pelo Plano Safra 2013, anunciado na quinta-feira (28) pela presidenta Dilma Rousseff, as linhas de crédito do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que incentiva a adoção de boas práticas no campo, terá R$ 3,4 bilhões em recursos para financiamento.
A presidenta Dilma Rousseff disse que a agricultura brasileira mostrou, em números, que é possível compatibilizar crescimento com preservação ambiental, mesmo sendo considerada uma “potência” na produção de alimentos. Segundo ela, a produção do setor cresceu em volume e produtividade, garantindo segurança alimentar, em um cenário de redução de desmatamento.
“Temos hoje, ao contrário dos países desenvolvidos, 60% dos biomas intactos, apesar de sermos a maior potencial agrícola do mundo. Conseguimos crescer na nossa agricultura em 180% e, ao mesmo tempo, ter um crescimento de apenas 32% na área ocupada”, disse Dilma.
O Programa ABC foi instituído em 2010, para estimular a adoção de práticas como o plantio direto na palha, que dispensa o revolvimento do solo e evita a erosão com a semeadura direta na palha da cultura anterior; recuperação de pastos degradados, transformando terras desgastadas em áreas produtivas para a produção de alimentos, fibras, carne e florestas; integração lavoura-pecuária-floresta, com alternância de pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área; e plantio de florestas comerciais, como eucalipto e pinus.
Outra prática destacada como meta do programa é a fixação biológica de nitrogênio, transformando-o em matéria orgânica para as culturas, o que permite a redução do custo de produção e melhora a fertilidade do solo.
A linha de crédito para viabilizar essas atividades foi lançada neste ano e as operações de tomada do empréstimo encerram-se nesta sexta-feira (29). Pelo balanço das operações realizadas até a manhã de hoje, pelo Banco do Brasil, foram firmados mais 3 mil contratos com agricultores de todo o país, totalizando empréstimos de mais de R$ 1 bilhão.
A estimativa inicial do banco, segundo o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Clênio Severio Teribele, a estimativa inicial era operar até R$ 5,5 milhões. “Atingimos uma marca bastante significativa, com uma distribuição dos créditos em importantes áreas da agropecuária no país”, disse.
Pelas regras que vigoram até esta sexta, os agricultores e cooperativas têm limite de financiamento de até R$ 1 milhão por beneficiário, com taxa de juros de 5,5% ao ano e prazo de reembolso de 12 anos. A partir de segunda-feira (2), os agricultores poderão tomar mais R$ 1 milhão em empréstimos, mas com taxa de juros de 5% ao ano.
Segundo ele, estados como São Paulo, Minas Gerais, o Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás concentraram a maior demanda pelo crédito, justificada pela maior presença da atividade agrícola nessas regiões. A maior parte dos agricultores que tomaram o crédito das linhas do Programa ABC está ligada à agricultura de porte empresarial, que já tem as atividades baseadas em metas do programa, como a integração lavoura-pecuária e a rotatividade de culturas.
Do total dos empréstimos, Teribele estima que 16% do crédito do Programa ABC foram destinados à recuperação de áreas de proteção permanente (APPs) nas propriedades rurais. “Toda vez que implantamos tecnicamente o ABC em uma atividade, isso inclui uma complexidade de atividades que contemplam desde a rotação de culturas e integração lavoura-pecuária até a recuperação dessas áreas. Não temos como separar o que foi especificamente para APPs”, explicou.