Os Fundos Imobiliários (FIIs) foram um dos ativos mais prejudicados com as restrições da pandemia, em especial as classes de Shoppings e Lajes Corporativas. Apesar do avanço da vacinação e da gradual retomada da economia, o cenário ainda não é dos melhores para o segmento, mas um reaquecimento do mercado imobiliário pode refletir positivamente para os fundos.
Segundo pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgada na segunda-feira (23), o Brasil registrou aumento de 46,1% na venda de imóveis no primeiro semestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado.
“O aumento da venda dos imóveis reflete um ambiente de negócios mais favorável, que pode refletir positivamente para os fundos imobiliários. O aquecimento do mercado imobiliário funciona mais um termômetro para os FIIs”, explica Ronaldo Candiev, Head de FIIs e FIPs da XP.
Segundo o economista da Golden Investimentos João Cruz, um aquecimento no mercado imobiliário pode impactar no preço dos imóveis e, por consequência, na cota dos fundos imobiliários, principalmente dos fundos de tijolo, que são compostos exclusivamente por imóveis físicos, que compreendem os galpões logísticos, shoppings, agências bancárias e lajes corporativas.
Cruz diz ainda que o índice da inflação da construção civil (INCC), com alta de 13,5% no ano e de 22,6% nos últimos doze meses, ainda não foi totalmente incorporado na cota dos fundos de tijolo. “Os fundos que estão com desconto podem ter valorização de cotas por conta do aquecimento do mercado imobiliário como também pela apuração da inflação sobre os ativos que estão dentro do portfólio”, avalia.
Candiev aponta ainda que os FIIs são bastante defensivos em ambiente de inflação mais elevada. “Os ativos imobiliários têm contratos de aluguéis que tem capacidade de repassar inflação”, diz.
Porém, os especialistas alertam que os FIIs são bastante voláteis e a elevação da Selic pode prejudicar o seu desempenho. “O cenário está fazendo com que os investidores migrem dos investimentos de risco, como os FIIs, para os de baixo risco, como os da renda fixa, que estão ofertando boas taxas de retorno”, diz Alkeos Saroglou, sócio da Alta Vista Investimentos.
Os mais recomendados
Os FIIs mais recomendados pelos especialistas são os de papel e os de galpões logísticos. “Na classe dos FIIs, recomendamos o de logística e o de papel, porque eles têm características mais defensivas. O de logística pelo driver forte do e-commerce, e os de papel pela defensividade e capacidade de repasse do índice de preços”, aconselha Candiev.
Os fundos de galpões logísticos são imóveis com foco em operações logísticas, como centros de distribuição de e-commerce. De acordo com a Colliers International Brasil, a área locada de galpões logísticos chegou a mais de 2,6 milhões m² no ano passado, absorção bruta recorde. O motivo para o bom desempenho foi o crescimento do comércio eletrônico, de mais de 70%.
Entre os FIIs de galpões logísticos disponíveis no mercado, estão XP LOG Fundo Imobiliário (XPLG11), CSHG Logística Fundo Imobiliário (HGLG11), VINCI LOGÍSTICA Fundo Imobiliário (VILG11) e Bresco Logística Fundo Imobiliário (BRCO11).
Os fundos de papel são semelhantes ao de tijolo, o investimento também se dá em imóveis físicos, mas a alocação do dinheiro é feita em títulos de renda fixa do setor imobiliário. Os principais fundos de papel são os Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).
“Os FIIs de papel atrelados a compra e venda de unidades imobiliárias permanecem com boa rentabilidade, pois a inflação impacta positivamente no resultado destes, e a tendência é que sempre haja um prêmio entre a Selic e a taxa pré alvo desses fundos”, diz Caio Braz, sócio da Urca Capital Partners.
Nesta quarta-feira (26), o índice Ifix, indicador do desempenho médio das cotações dos fundos imobiliários negociados na B3, encerrou com leve alta de 0,10%, a 2,723.55 pontos.
FONTE: ESTADO DE S.PAULO