Capixabão
O Banco Central do Brasil recolheu, entre os meses de maio, junho e julho, 27.919 notas machadas em todo o país. Apenas no mês de junho foram recuperadas 22.000 – equivalente a 78% do total nos três meses.
Em julho, foi registrada uma queda de 86% no número de cédulas manchadas recolhidas pelo BC. Foram 2.947 no total. Para o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro, a diminuição é reflexo de ações da polícia para combater o ataque a caixas eletrônicos no Estado, que foi o que mais sofreu com este tipo de crime.
– O crime se combate efetivamente com prisões dos autores. A partir do momento que tira do circuito o criminoso colocando ele no sistema pena, a tendência é que o crime diminua.
Para Carneiro, a tendência é que os ataques a caixas eletrônicos deixem de ser o “crime da moda”. Segundo o delegado-geral, a tática adotada pelos bandidos é atacar onde ele corre menos risco e obtém mais dinheiro.
– Já houve uma diminuição relevante, principalmente na capital. Nós acreditamos que, com mais prisões, esse crime vai se tornar pontual. Pode ser até que migre para outras regiões do país.
Para o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, a divulgação de casos de explosão de caixas fez com que os consumidores ficassem mais alertas na hora de receber notas danificadas.
– O mês de junho também foi um período que os consumidores passaram a devolver mais. Houve mais ataques, mas já diminuiu bastante na capital. A tendência agora é cair, mas não desaparece totalmente.
Assustados com os ataques, muitos comerciantes retiraram os caixas da rede 24 Horas de seus estabelecimentos, conta Solimeo. Outros mudaram a localização dos equipamentos que ficavam mais expostos e os “esconderam” no fundo das lojas.
– Mas muitos mantiveram porque o caixa eletrônico é importante para atrair o tráfego de clientes.
De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), nos últimos três meses 48 suspeitos de cometer esse tipo de ataque foram presos pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Destes, 13 eram policiais militares.
No dia 9 de junho deste ano, o Banco Central anunciou a determinação de que as cédulas machadas pelo dispositivo de segurança antifurto sacadas diretamente nos caixas eletrônicos devem ser trocadas pelo banco. Para isto, de acordo com a instituição, o correntista não precisa apresentar boletim de ocorrência, nem extrato bancário.
Para o capitão da Polícia Militar Elias de Godoy, o número de 28 mil cédulas recolhidas é alto, e é preciso apoio da sociedade para ajudar a combater esse tipo de crime. Ele alerta a quem receber uma nota manchada no comércio que procure um posto ou viatura da Polícia Militar para dar o alerta.
– Assim, a gente pode saber de onde veio a nota e consegue desmantelar quadrilhas.
Procurada pela reportagem, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) não havia se pronunciado sobre o assunto até a publicação desta matéria. A TecBan, empresa responsável pelos caixas da Rede 24 Horas, afirmou que não comenta o tema “por motivos de segurança”.
O Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, HSBC e Santander também foram procurados e alegaram questões de segurança para não se pronunciar.