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Como costuma viajar muito para Miami, a publicitária Sara Rozemberg Tastaldi acabou percebendo que adquirir um imóvel por lá era uma questão de custo/benefício.
“Fui pensando em um quarto e sala para investir e acabei comprando um apartamento com três suítes”, diz Sara, que arrematou seus 178 metros quadrados por um terço do valor que pagaria por um imóvel equivalente na zona sul de São Paulo. “E a cozinha veio equipada com forno elétrico, cooktop, geladeira com freezer, lava louças.”
Geralmente, quem compra imóveis no exterior tanto para passar temporadas quanto para investir opta por aplicar de 20 a 30% do valor da compra, financiando o resto a longo prazo -e entrega o imóvel a uma administradora para locação, segundo o Conselho Federal de Corretores de Imóveis.
“O valor do aluguel é normalmente suficiente para cobrir a prestação. Ou seja, o comprador tem uma propriedade quitada, ao fim do prazo, com uma aplicação inicial de um terço ou um quarto do seu valor”, diz Francisco Pesserl, do Cofeci.
O empresário C.A., que preferiu não se identificar, conseguiu valorizar sua compra. “Vendi um apartamento no Itaim a R$ 10 mil o metro quadrado e comprei dois em Brickell, Miami, de frente para o mar, a R$ 4.500 o metro quadrado cada um”, diz.
“Todo processo é realizado por meio do Cartório de Títulos e Documentos, e o visto de turista é suficiente para a aquisição do imóvel. Sugerimos a abertura de conta bancária só para facilitar pagamentos de contas, como luz, água ou recebimento do aluguel, se for o caso”, afirma Ariany Pedroso, corretora da Vitoria Realty.
É importante, também, contratar um advogado.
Há ainda outra questão para atentar na hora de comprar uma casa ou apartamento nos EUA: a Lei de Herança, que apesar de isentar o estrangeiro em US$ 60 mil do valor de mercado, tributa essa diferença em até 40% do valor do bem em caso de falecimento do proprietário. Um imóvel no valor de US$ 200 mil é tributado pela “estate tax” em US$ 140 mil.
“Como regra geral, estrangeiros não residentes nos EUA devem adquirir propriedades imobiliárias por meio de corporações americanas. Isso evitará certos impostos na venda do imóvel e em caso de morte do proprietário” explica o advogado tributarista Julio Barbosa.
“Abri três empresas ‘offshore’ [para pagar menos impostos] para quatro imóveis. Na hora de vendê-los, basta fechar a empresa”, diz o empresário C.A.
“As taxas de juros são bem convidativas e o financiamento é bem rápido”, diz o executivo P.P.M., que comprou um apartamento em Miami e outro em Paris. “Além disso, os custos de manutenção, IPTU, condomínio e impostos na França, por exemplo, são bem menores.”
E por que o brasileiro gosta tanto de Miami? “Miami tornou-se a cidade mais segura do Brasil”, brinca Solange Santos, da Chris Brooks. “Aqui as pessoas desfilam à vontade com seus carros, joias, Rolex, sem culpa nem medo.”