Pesquisa realizada pelo Cofeci aponta mudanças: cresce participação feminina e aumenta a escolaridade entre os profissionais da categoria
O Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) realizou durante dez meses uma pesquisa profunda sobre os corretores de imóveis brasileiros, profissão que em 2013 completa 48 anos de regulamentação. Para isso, a instituição investiu cerca de R$ 2,5 milhões. Durante o recenseamento, descobriu-se que hoje há mais mulheres trabalhando como corretoras, o nível de escolaridade está cada vez mais alto e há mais profissionais autônomos. A pesquisa também apontou aumento no número de corretores atuantes e uma mudança na faixa etária: a média, hoje, é de 46 a 55 anos.
Na última década, cerca de 60 mil corretores ingressaram no mercado de trabalho. A estabilidade também ficou marcada na pesquisa, uma vez que 72,86% dos entrevistados residem em casa própria e 78,73% possuem automóvel. “Isso demonstra que a profissão é segura”, destaca Paulo José Vieira Tavares, presidente em exercício do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis no Estado de Minas Gerais (Creci-MG).
Sobre o rendimento mensal, o levantamento observou que um quarto dos corretores ganha entre R$ 1.000 e R$ 2.000, mas há aqueles que têm renda mensal superior a R$ 10.000. Paulo Tavares destaca que, em Belo Horizonte, um corretor que está iniciando ganha em média R$ 3.000 mensais.
Praticamente um terço dos profissionais possui sua própria empresa imobiliária; outro terço presta seu serviço a empresas; a parte restante é autônoma. Apesar de possuírem bens de valor, 30% dos corretores não têm acesso à internet. “Esse é um dado importante para o Cofeci trabalhar e pôr em prática a estratégia de inclusão digital dos corretores, que já está sendo pensada pela diretoria”, conta João Teodoro da Silva.
Mulheres conquistam espaço
Nos últimos dez anos, o número de mulheres aumentou em 144%. Hoje, 20,24% dos profissionais que atuam como corretores de imóveis são do sexo feminino. A evolução da profissão, por gênero, mostra que a presença feminina tende a crescer. Para o presidente em exercício do Creci-MG, isso se deve à postura delas diante do trabalho. “A mulher é mais serena e mais perseverante, qualidades que ajudam muito no mercado de imóveis, e que irão favorecer essa participação no setor”, avalia Tavares.
Apesar da conquista de espaço, ainda há muito o que fazer. Tavares aponta que são poucas as mulheres que trabalham como autônomas, preferindo ser funcionárias em imobiliárias. Segundo ele, isso ocorre pela sensação de segurança que um emprego fixo proporciona.
Além da diferença entre os sexos, o recenseamento mostra que a maioria dos corretores tem entre 46 e 55 anos. Segundo o presidente em exercício do Creci-MG, esse perfil é característico de uma época em que muitas pessoas mudavam de profissão já no final da carreira, vendo o setor imobiliário como uma boa área para ganhar dinheiro extra. “Hoje o quadro está mudando. As pessoas estudam para serem corretoras de imóveis. Em breve, a faixa etária predominante será mais jovem”, avalia o Paulo Tavares.
Mais formação
Cerca de metade dos corretores de imóveis tem nível superior e 50,97% têm curso de Técnico em Transações Imobiliárias (TTI) – o curso exigido para a concessão do registro profissional. Isso indica investimento em qualificação profissional, um reflexo da política de valorização da classe, adotada pelo Sistema Cofeci-Crecis e pela exigências do mercado de consumo. Para Teodoro, a tendência é que o nível de formação seja cada vez maior. “Essa é uma realidade. O mercado exige profissionais cada vez mais gabaritados”.
Atualmente, bacharéis em Direito e em Administração predominam na profissão – são mais da metade dos corretores de nível universitário em atividade. Seguem profissionais graduados em Contabilidade e Engenharia.
Jornal Araxá