Correio do Estado
Comprar um imóvel nos Estados Unidos é uma opção interessante para investidores brasileiros, embora o dólar tenha passado de cerca de R$ 2 para R$ 2,28 em um ano, de acordo com especialistas. Segundo pesquisa feita pela imobiliária Lello, a procura de imóveis por brasileiros no Estado da Flórida, nos Estados Unidos, cresceu 36% no primeiro trimestre de 2013 em relação ao último trimestre de 2012. O preço médio do imóvel procurado pelos brasileiros é de US$ 350 mil (cerca de R$ 790 mil) – mais baixo que similares em regiões nobres do Rio de Janeiro e São Paulo.
A alta no preço dos imóveis no Brasil, especialmente até o final de 2011, conjugada com o crescimento da economia no País naquele momento levou os investidores brasileiros a expandir as fronteiras, deixando de comprar imóveis cada vez mais caros nas principais capitais do País, como Rio de Janeiro e São Paulo, para avançar sobre outros mercados, especialmente o americano.
No bairro Brooklin, na zona sul de São Paulo, um apartamento de três quartos com 175 metros quadrados (m²) chega a custar R$ 1,58 milhão – R$ 9.029 por metro quadrado, segundo pesquisa de mercado realizada pelo Terra. No bairro Jardim América, o m² do apartamento ultrapassa a barreira dos R$ 10 mil, a R$ 10.600, enquanto em Perdizes, na região oeste, o m² atinge R$ 11.538 e, em Moema, R$ 10.927.
Nos bairros nobres do Rio de Janeiro os valores cobrados são ainda mais altos. No Leblon, o m² de um apartamento de dois dormitórios sai por R$ 19.900; na Gávea fica em R$ 15.333 e, em Copacabana, em R$ 14.688.
Com os preços no Brasil neste patamar, o consultor de investimentos imobiliários Sidney Shauy afirma que é possível encontrar apartamentos do mesmo padrão na Flórida mais baratos do que similares nas principais capitais do País. Segundo ele, nos Estados Unidos, o preço dos imóveis chegou a apresentar queda de até 50% após a crise imobiliária de 2008 e a desvalorização da moeda americana promovida pelo FED, banco central do país, também levou os brasileiros a optar pelo mercado. “Em Miami, os apartamentos de dois dormitórios custam menos do que similares no Brasil e, além disso, o que atrai o investidor brasileiro é a expectativa da valorização futura, então quem acredita nesse cenário ainda deve investir fora”, comenta.
Roseli Hernandes, diretora comercial da Lello Imóveis, afirma que nos EUA os preços são mais atrativos. Em regiões valorizadas de Orlando, por exemplo, é possível comprar um imóvel novo pagando R$ 5 mil por m² – em Miami o preço médio fica em R$ 7 mil.
Juliana Scolari, gerente para o mercado brasileiro na empresa de câmbio comercial Moneycorp, diz que um imóvel de três quartos na cidade de Orlando, nos EUA, varia de US$ 180 mil a US$ 250 mil (cerca de R$ 400 a R$ 600 mil) enquanto imóveis do mesmo padrão em São Paulo facilmente ultrapassam os R$ 1,5 milhão. “Ainda é um investimento muito lucrativo, principalmente pelo valor do imóvel no Brasil. O valor nos EUA, mesmo com a conversão monetária, é muito difícil de achar aqui”, compara.
Segundo Juliana, o reflexo das vendas para os brasileiros já refletiram nos preços dos imóveis nos Estados Unidos, que subiram em relação aos praticados dois anos atrás, o que fez com que o mercado inclusive se adequasse, criando opções de financiamentos para estrangeiros. “Antes os brasileiros compravam imóveis prontos e pagavam os imóveis à vista, mas agora 50% dos compradores já estão optando pelo financiamento e acabam escolhendo um imóvel com preço mais alto que o previsto inicialmente”, diz .
Perfil do comprador
Conforme a imobiliária, os principais compradores desses imóveis são casais com 35 a 45 anos de idade, com filhos pequenos. Os bairros mais requisitados são Brickell e Aventura, em Miami, e Kissimmee, em Orlando. A projeção é que as vendas cresçam 11% sobre o ano passado; em 2012, a venda de imóveis nos EUA aumentou 8% em relação a 2011.
Conforme Roseli, os lançamentos em Miami já se adequaram ao gosto do brasileiro. Por exemplo, itens como as varandas maiores, chamadas de ‘varandas-gourmet’, já foram incorporados ao portfólio americano.
Quem quer investir nesse mercado não deve esperar muito, diz Juliana. A tendência ainda é de alta procura, mas a oferta já está diminuindo. “O que a gente vê é um aumento do preço a médio e longo prazo e diminuição da oferta a partir de 2015.”
Roseli compartilha da mesma opinião. “Depois do estouro da bolha imobiliária de 2008, os preços não chegaram aos patamares que eram no passado”.
Apesar de considerar esse tipo de compra um bom investimento, Shauy alerta que os brasileiros devem evitar compras por impulso e procurar ajuda antes de concluir a operação. “Quando você investe no exterior existem outros riscos envolvidos, é preciso saber perfeitamente como estruturar a transação e a questão tributária deve ser considerada antes do investimento”, afirma.