Nas maiores cidades brasileiras, as construtoras estão adaptando os imóveis novos às necessidades e à capacidade de pagamento dos clientes. Quem mostra é o repórter César Menezes.
Os apartamentos estão encolhendo. Sala, cozinha, dois ou, às vezes, três quartos estão em espaços cada vez menores. É que a prestação, uma parte importante da compra, tem que caber no bolso do comprador. “São casais jovens, na faixa de 25 a 35 anos, sem filhos ou com filhos pequenos. Os dois trabalham para compor renda”, declara o gerente de marketing da construtora João Härter.
Assim eles estão conquistando o primeiro imóvel. “São pessoas que podem comprar hoje e não podiam comprar há 10 anos. Mas o que eles podem comprar são apartamentos menores, que não eram vendidos”, explica o presidente Secovi-SP, João Crestana.
Em 2004, 55% dos imóveis lançados na cidade de São Paulo tinham mais de 65 metros quadrados. Ao todo, 44% eram menores. Hoje, a situação se inverteu. Mais da metade dos empreendimentos novos tem até 65 metros quadrados.
Para ninguém se sentir espremido dentro de um apartamento desse tamanho, as plantas ganharam algumas inovações. Entre a sala e a cozinha, por exemplo, não existe mais porta nem parede. É tudo uma coisa só e parece maior. O corredor foi praticamente abolido. Por menor que seja o imóvel, tem que ter uma varanda. Ganham-se mais dois ou três metros quadrados, além da sensação de espaço.
É espaçoso o bastante para acomodar, com mais conforto, a família de Fábio e Odete. Eles moram em uma casa de um quarto, que tem 60 metros quadrados. Compraram um apartamento do mesmo tamanho, mas com três quartos. Vitoria já sabe como vai ser a decoração do primeiro quarto só dela.
Foi preciso juntar dinheiro e fazer ajustes no orçamento para pagar a entrada e a prestação de R$ 600, mas esse aperto todo vai valer a pena. “Ela vai crescer no que é da gente. Fora o resto, segurança e tudo”, comenta o funcionário público Fábio Cunha.
Fonte: Jornal Nacional