O mercado imobiliário atravessou praticamente uma década com números animadores e um crescimento que se mostrou insustentável. O agravamento da crise econômica fez com que o setor entrasse em uma fase muito ruim, com queda expressiva de demanda e desvalorização acentuada. Ruim para o mercado em geral, mas o consumidor tem a vantagem de ganhar mais poder de barganha. Neste sentido, ao contrário do que muita gente acredita, a atuação do corretor de imóveis pode ser útil para a conclusão de um negócio favorável para o comprador.
Para se ter uma ideia de como o cenário no mercado imobiliário mudou nos últimos anos, vale a pena dar uma olhada em alguns números. Em 2013, o volume de financiamentos para construção e compra de imóveis chegou ao recorde de R$ 109,2 bilhões, 32% a mais em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em 2015, por outro lado, o volume foi de R$ 75,6 bilhões, queda de 33% em relação a 2014. É justamente em função dessa inversão que o corretor sai em vantagem se tentar ajudar o consumidor final a garantir um bom preço.
Via de regra, o corretor ganha sobre a venda 6% do valor do imóvel. Sendo assim, se ele vende um apartamento por R$ 100 mil, ganha R$ 6 mil.
Em tese, o corretor possui interesse de vender pelo máximo valor possível, uma vez que ganha um percentual do negócio fechado. No entanto, com o mercado imobiliário em baixa e giro pequeno de negócios, muitos corretores tendem a oferecer um desconto para fechar. Em um momento como este, é mais interessante para o corretor tentar fazer o capital girar do que tentar lucrar o máximo possível em cada negociação, já que o tempo médio para venda aumentou muito com a crise.
Além disso, a perda do corretor é relativamente pequena: a cada R$ 1 mil que ele oferece em desconto, perde apenas R$ 60.
Imagine o exemplo do imóvel citado acima, avaliado em R$ 100 mil. Em um momento de poucos negócios, o corretor pode tentar uma negociação para baixar o preço do imóvel para R$ 70 mil e conseguir concluir a venda. Afinal, para quem tem interesse na compra, uma diferença de R$ 30 mil (30%) é mais do que razoável. O corretor, por sua vez, diminui seu ganho em R$ 1.800, de R$ 6 mil para R$ 4.200. A diferença para o profissional é considerável – mas se isso aumentar o giro das vendas, pode ser vantajoso. Afinal, o contexto de recessão econômica e queda vertiginosa no mercado imobiliário não parece estar próximo ao fim.
O comprador pode encontrar no corretor um aliado para fechar um negócio mais favorável. Para as construtoras e imobiliárias, em contrapartida, o momento não é bom para agir como um tubarão no mercado. Antes ceder e negociar do que continuar aumentando o estoque de imóveis.
Fonte: G1