O mercado imobiliário brasileiro anda aquecido. Por diversas partes do país, em especial nas capitais e grandes cidades, podemos perceber um enorme número de lançamentos, de empreendimentos e de construções em diversos estágios de acabamento, destinados a públicos de variados estratos sociais.
Sabemos que, de fato, há no Brasil um grande déficit habitacional. Além disso, com a ascensão econômica nos últimos anos das classes menos privilegiadas, a procura por imóveis – e, por conseguinte, pela realização do sonho da casa própria – cresceu em proporção similar, em uma tendência que caminha para minimizar o problema social da falta de moradia.
Mas não é só o mercado de imóveis novos que está aquecido. Ficamos sabendo que as residências usadas também vêm sendo muito procuradas, o que provoca o encarecimento do chamado “metro quadrado construído”. Por exemplo, o Creci-SP divulgou pesquisa neste início de fevereiro que revela a alta de quase 270% no valor de imóveis residenciais usados em algumas áreas da capital paulista, entre janeiro e dezembro de 2010.
Outros fatores têm alimentado a valorização dos preços dos imóveis, como é o caso da cidade de Santos, no litoral paulista. Ali, a alta nos preços pagos pelos imóveis é justificada, em grande parte, pelo crescimento na procura em razão de a economia da cidade ter o potencial de ser profundamente movimentada pela exploração das reservas de petróleo e gás da área do pré-sal, na Bacia de Santos.
Nada mais natural que, em razão das forças de mercado explicadas pela relação entre oferta e procura, os preços de imóveis tenham uma evolução mais significativa, principalmente pelo aumento da renda do brasileiro, pelo crescimento significativo de nossa economia, pela farta oferta de crédito barato e pela necessidade de que seja reduzido o déficit habitacional.
A questão é quando a alta dos preços ocorre em razão de movimentos especulativos. Não podemos nos esquecer da crise de créditos hipotecários subprime nos Estados Unidos, que deu origem à depressão econômica internacional de 2008/2009, uma das piores já registradas globalmente.
O problema ocorreu pela conjugação de uma série de fatores, como a elevação exagerada nos preços dos imóveis, a grande oferta de crédito barato e a falta de prudência das instituições financeiras, que concediam empréstimos exigindo pouca ou nenhuma garantia. Quando a bolha de preços dos imóveis estourou, gerando uma baixa geral nos preços de residências, surgiram os esqueletos de vultosos créditos hipotecários podres e irrecuperáveis concedidos pelas instituições financeiras norte-americanas, provocando uma série de quebras que culminou com a falência do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008, estopim da crise internacional.
A situação do Brasil é bastante diversa da norte-americana, já que, apesar da grande oferta de crédito, nossas instituições financeiras são muito exigentes com as garantias requeridas dos tomadores. Além disso, não temos a cultura das “hipotecas múltiplas”, e o crescimento do país parece ser capaz de dar sustentação à alta de preços.
Mas nunca é demais alertar sobre o temor de que movimentos especulativos possam vir a provocar um eventual “estouro da bolha imobiliária”, o que certamente resultaria em grandes estragos em nossa economia. Portanto, fiquemos atentos às altas nos preços dos imóveis.
*Publicado em 11/02/2011 / Diário do Comércio/ Opinião
Fonte: Creci MG