“A compra de imóveis tem se mostrado uma das formas de investimento mais seguras nos dias atuais”. A avaliação é do engenheiro civil, sócio-administrador e CEO da SWA Realty, empresa de empreendimentos residenciais de médio e alto padrão, Willian Gonzales Sorensen. “Tendo em vista que os imóveis têm se valorizado nos últimos anos, podemos dizer que, ao adquirir um imóvel, principalmente na planta, ele se torna mais
Os juros mais altos afetam diretamente muitos contratos de financiamento de imóveis.
Não era conversa de vendedor. Em 2019, as condições para comprar um apartamento na planta empolgaram até mesmo o corretor do imóvel. Maviael ficou com duas unidades para investir.
“A ideia é comprar o apartamento para investimento, para locação e, com o dinheiro da locação, pagar o financiamento. Já agora, já não está dando para pagar, tem que completar para a gente conseguir honrar com o compromisso no dia a dia”, conta.
O financiamento começou a ser pago agora, na entrega das chaves, quase três anos depois do lançamento. Só que, nesse tempo, muita coisa mudou. A inflação subiu, os juros também e, no fim de todas as contas, o apartamento, que sairia por R$ 370 mil, aumentou para R$ 520 mil, porque o financiamento que ele escolheu não foi o de taxa fixa e, sim, o atrelado à Selic.
“A gente estava trabalhando no mercado, a gente vende isso no dia a dia, e estava promissor para todo mundo”, relembra.
A taxa Selic mexe com todas as taxas da economia, inclusive com os juros do financiamento imobiliário. Por isso, quando, antes da pandemia, estava em trajetória de queda, muita gente teve condições de assumir uma prestação. O que ninguém imaginava é que a Selic ia subir tanto em tão pouco tempo.
O Banco Central começou a elevar os juros básicos da economia no ano passado. Em junho, a Selic estava em 4,25% e, nesta quarta-feira (4), menos de um ano depois, chegou a 12,75%.
O aumento não é repassado na mesma proporção para as taxas de financiamento imobiliário, mas, mesmo assim, a média, que era de 6,96% em junho de 2021, deve ficar agora perto dos 10%.
A economista do Insper, Juliana Inhasz, diz que a disparada pegou muitas pessoas desprevenidas.
“Quando a taxa Selic, de fato, estava muito baixa ou ela estava apontando para baixo com uma velocidade muito grande, financiamentos atrelados à Selic eram muito atrativos. Então, o consumidor, naquele momento, de fato, fez a melhor escolha. Porém, o que acontece é que a gente não imaginava que no meio do caminho ia ter uma pandemia que pioraria o cenário macroeconômico de uma forma tão grande que levaria essa Selic para valores muito elevados”, explica.
A advogada Daniele Akamine, especialista em mercado imobiliário fez um cálculo: em novembro de 2020, a prestação de um financiamento de R$ 250 mil seria de R$ 2.162. Nesta quarta, subiria para R$ 2.580.
E isso tem um efeito nos contratos novos: é que, para assumir uma parcela mais alta, a renda também precisa ser maior. Na simulação, o mínimo, que seria de R$ 7.200 por mês, passaria para R$ 8.600 – o que faz com que os bancos fechem as portas para o sonho de muitas famílias.
“A gente está colocando esses números considerando só o aumento da taxa. A gente está desconsiderando aí perda de emprego, perda de renda; isso nem entra no cálculo. Esse cálculo é simplesmente em relação à taxa de juros. Se a gente for considerar então todos esses fatores, a quantidade de famílias que perde a capacidade de financiar é ainda maior”, ressalta.
FONTE: GLOBO