Correio Braziliense
Queda na procura impõe perdas de até 30% a quem comprou casas e apartamentos com a intenção de revender o ágio e obter lucro a curto prazo. Para construtoras, o setor sairá fortalecido depois de passar por um período de ajuste
O mercado imobiliário vive um embaraço intensificado pelo endividamento recorde das famílias e pela alta de juros. Quem comprou apartamento na planta para ganhar dinheiro revendendo-o antes da conclusão da obra não está conseguindo se desfazer tão fácil do imóvel, como ocorria até o início de 2011. Com a renda comprometida, também não tem dado conta de arcar com as parcelas do financiamento, cada vez maiores.
Os especuladores, que se deram bem num passado recente de alta valorização do metro quadrado, agora se veem com a corda no pescoço. Para fugir da inadimplência e não ter de devolver o imóvel à construtora, tentam passá-lo adiante por preços menores do que os cobrados pelas empresas, o que explica, em parte, a redução de valores em regiões do Distrito Federal, como Águas Claras e Noroeste.
A procura pela área de comercialização de ágios em uma grande imobiliária do país aumentou 75% no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Em um único empreendimento de Taguatinga, pelo menos 20 proprietários tentam repassar o imóvel desde janeiro. Nos anúncios, eles chegam a sugerir a troca do ágio por algum carro de valor equivalente.
As construtoras tentam ajudar os clientes, dividindo as faturas maiores ou oferecendo a possibilidade de transferir a quantia paga para imóveis de menor valor. Ainda assim, em um mesmo prédio de Samambaia, só nos últimos dois meses, uma empresa fez cinco distratos. A devolução é realizada em até 10 parcelas.