Folha Vitória
O Espírito Santo foi o Estado que mais realizou transplantes de rim no Brasil entre janeiro e março de 2013, totalizando 46,7 procedimentos para cada grupo de um milhão de habitantes. Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) divulgados nesta semana.
A coordenadora da Central de Captação de Órgãos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Rosemery Erlacher, comemora o feito e lembra que se não fossem os altos índices de negativa familiar na hora de autorizar a doação, os números seriam ainda maiores.
Até o mês de abril (dados mais recentes), 902 pessoas aguardavam na fila por um órgão, sendo que a maioria, 826, esperava por um rim. “São pacientes que fazem hemodiálise enquanto não são transplantados. A colocação atingida pelo Estado dá mais esperanças a quem precisa, pois quanto mais doadores existem mais procedimentos são feitos”, diz Rosemery.
De acordo com a coordenadora, um dos fatores que contribuíram para o feito são os treinamentos realizados pela Central de Notificação, intensificados desde o final do ano passado. “Temos capacitado os profissionais que atuam nos hospitais na identificação de potenciais doadores e isso tem surtido efeito”, explica.
Negativa familiar
Para Rosemery Erlacher, a negativa familiar tem sido o grande empecilho para o aumento das doações. “Esse mesmo relatório da ABTO aponta que a negativa familiar no primeiro trimestre de 2013 foi de 58%. Em 2012, esse índice foi de 40%. Já era alto e ficou maior”, afirma.
Segundo Rosemery, o grande motivo para isso é a desinformação. “Na hora de autorizar, muitos familiares ficam em dúvida, pois não sabem se a pessoa que morreu queria doar ou não. Além disso, acreditam que a morte encefálica é reversível, o que não é verdade. Mesmo com o coração batendo, o paciente é considerado morto porque não apresenta sinal de atividade cerebral”, explica.
A orientação da Central de Captação é conversar sobre a doação de órgãos com os familiares em vida para que a decisão seja facilitada caso um dia seja necessário.