Pesquisa realizada pela professora Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter, da Universidade Federal de Goiás (UFG), analisou o histórico de moradia de 80 famílias de classe média e concluiu que os fatores determinantes da escolha por um imóvel são: a idade do chefe de família e dos filhos; o estágio de vida familiar; e o patrimônio financeiro.
De acordo com a pesquisa, as pessoas mais jovens e com menor poder aquisitivo não abrem mão da localização, faixa de preço e área do empreendimento. Por exemplo, ao não encontrarem um apartamento novo com até 60 m2, no bairro que gostariam de morar, elas optam por um imóvel usado, com as mesmas dimensões, localização e preço almejados. Já as pessoas mais velhas e com maior renda admitem abrir mão da localização, desde que o imóvel seja novo e tenha padrão elevado.
“À medida que as pessoas vão envelhecendo, elas procuram moradias melhores, mais caras e bem localizadas, próximas do trabalho e fora dos bairros mais nobres e saturados. Isso pode ser uma das explicações para o fenômeno observado hoje nas principais capitais brasileiras de revalorização do centro”, comenta a pesquisadora.
A mudança na formação das famílias brasileiras, segundo Brandstetter, também é um fator importante para a decisão de compra. Com o aumento do número de divórcios no País, por exemplo, está crescendo a procura por imóveis que possam abrigar famílias maiores, compostas por casais com filhos do atual e do relacionamento anterior. “O mercado imobiliário precisa ficar atento a essas mudanças e desenvolver moradias com padrões mais flexíveis para as reais demandas do consumidor”, ressalta.
“Lançamentos devem buscar novas estratégias” – Carolina Brandstetter é de opinião que as estratégias atuais de lançamento de imóveis são muito fundamentadas em indicadores de mercado, ou seja, nos imóveis que apresentam maior volume de vendas.
“O resultado dessa estratégia equivocada, baseada mais na oferta do que na demanda, é a disparidade entre a grande disponibilidade de alguns tipos de imóveis no mercado e a carência de outros. Um dos lançamentos mais tradicionais nas capitais brasileiras, por exemplo, é o apartamento com três dormitórios, sendo um deles suíte, direcionado às famílias de classes média e alta. Entretanto, em grandes metrópoles, como São Paulo, faltam apartamentos de um dormitório, voltados para o público single – pessoas que vivem sozinhas e têm poder aquisitivo maior do que a média da população”, sugere Brandstetter.
A pesquisadora entende que as empresas do setor imobiliário percebem muito lentamente tais “distorções”, e acredita nos bons resultados de pesquisas de mercado baseadas no comportamento do consumidor. Este modelo, na visão de Brandstetter, poderia aumentar as chances de acerto para lançamentos imobiliários.
“O ideal seria seguir o exemplo de empresas de outros setores, como o alimentício e a indústria automobilística, que estão desenvolvendo produtos segmentados por faixa etária e de renda, entre outros critérios”, finaliza Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter.
A pesquisadora e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) apresentará a pesquisa durante a 10ª Conferência Internacional da Sociedade Latino-Americana de Real Estate (10ª Lares, 15 a 17 de setembro), que ocorrerá no Centro Britânico, em São Paulo, SP. Inscrições: www.lares.org.br
Fonte: Folha Vitória