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O mercado imobiliário começa a apresentar sinais de desaceleração após longos anos de crescimento contínuo. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), até junho deste ano a valorização acumulada do metro quadrado ficou abaixo da inflação. Desde 2011, quando iniciou a série de levantamento, o valor médio do metro quadrado não cresce tão pouco.
Diante do desaquecimento, as construtoras passaram a fazer liquidações de imóveis e até o governo federal começou a se mexer. A União apresentou uma série de medidas para reforçar o financiamento e estimular o setor.
Entre todas as medidas, a concentração das informações do imóvel em um único cartório foi uma das mais festejadas. No entanto, o pacote do governo ainda divide opiniões. Certos especialistas apontam que dar as garantias dos bancos foi uma boa solução para diminuir as taxas de juros. Por outro lado, alguns acreditam que facilitar demais o acesso ao crédito pode aumentar os casos de inadimplência entre os consumidores. Outros profissionais são contra a movimentação do governo, argumentando que o mercado estava se ajustando sozinho.
Para entender melhor a situação do setor, vamos pegar a cidade de São Paulo, o principal mercado do país, como exemplo. Tanto as vendas de imóveis residenciais quanto os lançamentos tiveram recuo no primeiro semestre de 2014 em relação ao de 2013. De acordo com o Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi – SP), foram vendidos pouco mais de nove mil imóveis, entre janeiro e junho, uma queda de 48,3%. Já os lançamentos caíram 18,8% com um total de 11,3 mil novas unidades.
Contudo, não acredite se alguém falar em crise no setor imobiliário. O que o mercado está vendo é uma desaceleração e vários motivos ajudam a explicar isso. Primeiro, porque nada mais natural do que o esfriamento de um mercado depois de viver um longo período de boom. Enquanto o PIB registrou avanço de 2,3% em 2013, o mercado imobiliário cresceu quase sete vezes mais. Além disso, especialistas colocam o fraco desempenho atual da economia brasileira e a Copa do Mundo na conta pelo ritmo mais moderado do ramo imobiliário neste ano. A incerteza das eleições presidenciais também contribuiu para frear os investimentos no setor.
Ainda assim, as pessoas continuam comprando e recorrendo ao financiamento imobiliário. A Caixa Econômica Federal, maior fornecedor desse tipo de crédito, projeta uma injeção de 140 bilhões de reais no financiamento imobiliário até o final de 2014, o que representará um avanço de 22%.
Em linhas gerais, o desempenho do mercado imobiliário depende da economia como um todo. Se a situação melhorar até o fim deste ano e no próximo, tudo indica que os imóveis acompanham o ritmo. Se a situação piorar, o setor dificilmente vai conseguir reproduzir os números que registrou na última década. Resta-nos aguardar.
*Germano Leardi Neto é diretor de relações institucionais da franqueadora imobiliária Paulo Roberto Leardi.