1. Casa própria retoma importância
Embora a compra da casa própria nunca tenha deixado de ser importante para os brasileiros, nos últimos anos, com uma inflação mais civilizada, alguns segmentos da população puderam começar a se dar ao luxo de morar de aluguel por opção.
Entre os jovens de classes mais altas, foi tomando corpo a tendência cultural de não querer mais ser dono das coisas – compartilhar bicicletas e carros em vez de comprar o seu próprio veículo; pagar por serviços de streaming em vez de adquirir discos ou filmes; aplicar o dinheiro e pagar o aluguel de um imóvel com os rendimentos em vez de pagar as parcelas de um financiamento imobiliário.
Não à toa, proliferaram nas grandes capitais empreendimentos compactos voltados para aluguel e com áreas comuns com serviços compartilhados, como lavanderia, compartilhamento de bicicletas, academia e escritório.
Mas depois de boa parte da população ter sido obrigada a ficar em casa para combater a disseminação do vírus, mesmo esse público passou a valorizar a casa própria.
Lembra daquela história de que “millennials não compram imóvel”, referindo-se aos jovens nascidos nos anos 1980 e início da década de 1990? Pois é. Em um evento recente da rede de franquias imobiliárias multinacional RE/MAX, o CEO da regional italiana falou exatamente sobre isso: “millennials agora estão vendo a importância de ter a própria casa, com a própria cara”, disse ele.
Soma-se a isso a questão do juro baixo. Com a menor Selic da história, as aplicações de renda fixa estão rendendo tão pouco que muita gente pode preferir destinar suas economias à compra de um imóvel – e as taxas dos financiamentos estão atrativas. “Passou a ficar patente que a casa própria é o grande refúgio do patrimônio, pois representa segurança”, disse Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, em entrevista recente.
2. Processo de compra mais digital
Comprar um imóvel pela internet pode parecer algo impensável, e de fato talvez seja uma loucura fechar negócio totalmente pela internet. Mas isso não significa que não haja espaço para a digitalização de boa parte do processo de compra.
Os corretores de imóveis também têm vivido essa nova realidade. Algumas das práticas amplamente adotadas durante a quarentena pelas imobiliárias devem permanecer, como os encontros virtuais entre corretores e clientes, bem como as visitas virtuais aos imóveis. As visitas virtuais funcionam como uma peneira para selecionar os compradores com mais potencial de fechar negócio. Como resultado, menos gente visita o imóvel presencialmente, reduzindo a circulação de pessoas no interior da propriedade.
3. Menos burocracia
Até a parte burocrática de comprar um imóvel está ficando mais simples, graças à digitalização por força da necessidade. Com a pandemia, a assinatura eletrônica passou a ser aceita, e é possível que em breve todo o processo de fechamento dos negócios possa se tornar digital. O fenômeno tem sido visto mesmo no Brasil.
4. Busca por imóveis maiores e mudanças na arquitetura
Embora seja impossível que todo mundo passe a trabalhar de casa, o mercado aposta que a popularização do home office – processo que já vinha em curso – ganhe velocidade com a pandemia, e que mesmo após a completa reabertura da economia, mais gente passe a trabalhar remotamente, pelo menos alguns dias por semana.
Com isso, deve haver uma procura maior por imóveis mais amplos, e as pessoas tendem a preferir ter um cômodo extra justamente para montar um escritório. Outro aspecto bastante citado pelo pessoal do mercado é a maior procura das pessoas por imóveis com algum tipo de área externa, como sacadas, quintal ou jardim.
5. Busca por imóveis mais afastados dos grandes centros
Os empregados de empresas que adotarem amplamente o home office e que precisarem ir com pouca frequência ao escritório podem preferir morar em bairros ou cidades mais afastadas do centro metropolitano, ou mesmo no interior.
Isso elevaria a procura por imóveis mais amplos e casas em áreas mais suburbanas e cidades-satélites.
Izabel Mendonça
Assessoria de Comunicação do CRECI/ES