Folha de São Paulo
O taxista Emerson Pavão, 40, retrata a mudança de perfil do investidor imobiliário.
No pico do boom do setor entre 2010 e 2011 -quando o preço dos imóveis chegou a dobrar nas áreas mais cobiçadas de capitais como Rio de Janeiro e São Paulo-, Pavão comprava unidades na planta para revender a preço maior antes mesmo da entrega das chaves.
No ano passado, porém, viu seu lucro cair em razão do ritmo menor de crescimento dos preços. Então, para aumentar o retorno, passou a comprar imóveis que incorporadoras ou corretoras têm dificuldades para vender.
“Como compro várias unidades no mesmo empreendimento, consigo desconto de até 40% no preço”, afirma.
No cenário atual de acomodação de preços, o desconto ajuda a elevar o retorno do investidor, diz Celso Amaral, diretor da Geoimovel, empresa de informações imobiliárias.
“Os descontos também favorecem a incorporadora, pois reduzem a necessidade de investir na busca pelo cliente”, acrescenta.
Também tem havido, afirmam consultores, o retorno ao mercado do investidor que adquire o imóvel para viver do aluguel -e não aquele que comprava para revender mais caro rapidamente.
Mas o foco, agora, são bens de proprietários que compraram na planta para morar, mas que, sem conseguir honrar o financiamento, precisam revendê-los -além das unidades de construtoras com dificuldade de venda.
CUIDADOS
De qualquer forma, antes de aproveitar o que pode ser uma boa oportunidade de negócio, é preciso fazer contas para verificar se o desconto vale a pena, diz o economista Samy Dana, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
“O investidor precisa comparar o preço com o de outras unidades no mesmo prédio ou bairro, por exemplo.”
O imóvel, no Brasil, é muito associado a segurança e solidez financeira, diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site de comparação de custos de financiamentos.
Ele afirma, porém, que esse tipo de bem deve ajudar a diversificar os investimentos, mas não ser a única opção do pequeno investidor (veja vantagens e riscos no quadro).