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Observando o mercado imobiliário atual, levantamos alguns questionamentos gerais, que decididamente merecem nossa atenção e reflexão.
Em um cenário, onde nos últimos anos, visualizamos um crescimento rápido e alta valorização de imóveis, ocasionando a escassez de profissionais realmente preparados, vemos inúmeras reportagens, atraindo pessoas com as mais diversificadas formações, por conta da possibilidade de altos ganhos; se comparada a diversas outras colocações profissionais. É relativamente fácil se tornar um corretor de imóveis, face a grande procura de profissionais por parte das milhares de imobiliárias que temos em São Paulo, o pretendente necessita matricular-se em um curso técnico – TTI (Técnico de Transações Imobiliárias) ou superior em Gestão Imobiliária, realizar um estágio prático, e habilitar-se no CRECI; quase imediatamente, já encontra-se no mercado, com possibilidade real de ganhos. Mas será que este profissional, diante da complexidade da venda de imóvel, onde os valores das negociações são sempre altíssimos, está preparado para atuar e orientar com responsabilidade aos proprietários e compradoresl?
Observamos, de um lado: proprietários, que buscam orientação e muitas vezes não são satisfeitos, ou pior são orientados de forma equivocada. Por outro lado, temos compradores, que utilizam o trabalho do corretor apenas para “achar” o imóvel certo, tentando “se livrar” do prestador de serviço posteriormente, chegando muitas vezes, as partes expressarem que acham que o corretor recebe muito, “só” porque mostrou o imóvel… Deixando frustrado o profissional que empenhou-se em prestar um bom serviço… mas será que os profissionais sabem o que de fato é sua responsabilidade?
A responsabilidade do corretor de imóveis, passa muito longe de ser tão somente mostrar fisicamente um imóvel que agrade, há diversos itens que precisam ser observados, como documentação imobiliária, que impacta diretamente sobre a venda e repercussões posteriores, lembrando que em se tratando de discussões jurídicas, faz-se necessário a presença de um advogado, devidamente especializado. Ao corretor, cabe conhecer basicamente as questões a fim de orientar seus clientes, por essa razão é muito importante que, não só corretores já habilitados, como também os aspirantes à profissão, buscarem cursos e formações paralelas complementares ao exigido por Lei.
Além do que, proprietários e compradores invarialvelmente estão em posições contrárias, pois um deseja vender pelo melhor preço e o outro comprar pelo melhor negócio. Por essa razão, cabe ao intermediador conduzir para que nenhuma das partes, ao final da negociação, tenha sido prejudicada. Lidar com essas situações, que envolvem fortes questionamentos e discussões, cria a necessidade de desenvolvimento de habilidades e competências pessoais. Mas uma vez, torna-se necessário o treinamento e aperfeiçoamento constantes. À medida que, centenas de negócios dão certo, e ocorrem como o esperado, milhões de outros, as partes saem com a impressão de que o intermediador só atrapalhou e o pior: foi pago para isso.
Verdade ou não… o que é fácil observar, são intermediadores buscando no resultado das negociações apenas os valores das comissões… como se vender imóvel fosse sorte…
Vamos fazer do mercado imobiliário, de fato o que a profissão de corretor merece, ser finalmente preparada, para que por mérito obtenha o respeito de proprietários e compradores.
*Mônica Kimura – Corretora de Imóveis e consultora em intermediações imobiliárias, psicóloga, especialista em treinamento e em intermediações especiais.