Estadão
Localização dos empreendimentos, lazer amplo e serviços são algumas das principais exigências de consumidores jovens
A compra da casa própria ainda é o sonho da maioria dos brasileiros, mas hoje esse sonho torna-se realidade cada vez mais cedo. Consumidores com até 35 anos já representam 44,4% dos mutuários na Caixa Econômica Federal, segundo dados referentes a novembro de 2014.
As construtoras confirmam esse perfil e desenvolvem produtos para atender o público jovem. “O poder de renda dos brasileiros melhorou nos últimos dez anos, com isso os jovens conseguem se planejar e, cada vez mais cedo, adquirir o primeiro imóvel”, diz o superintendente comercial da Brookfield, Carlos Eduardo Fernandes.
Segundo o executivo, esse comprador busca primeiro a localização. Ele quer morar principalmente perto do trabalho e com infraestrutura de transportes, comércio e serviços.
Bairros em desenvolvimento, como, por exemplo, Chácara Santo Antonio, Vila Anastácio e a região central, são bem aceitos por compradores mais jovens. Por último, vem o preço. “Mas o produto deve ter alguns diferenciais, como pay per use, academia com personal, piscina. Eles buscam essa proposta de projeto”, diz Fernandes.
Os apartamentos de um e dois dormitórios, com metragem de até 60 metros quadrados, são os preferidos para quem está iniciando a vida – jovens, casais ou casais com um filho. “Eles querem mesmo um imóvel que dê a eles facilidade e praticidade para o dia a dia.”
A secretária executiva Debora Meira e seu noivo, o administrador de empresas Bruno da Silva Mota, ambos de 28 anos, adquiriram o primeiro imóvel na planta há dois anos. Eles vieram morar em São Paulo em 2012 e, primeiramente, alugaram uma unidade, embora quisessem um imóvel próprio.
“Não conhecíamos São Paulo, por isso priorizamos um imóvel perto do trabalho, com facilidade de transporte público. Começamos a andar pela região da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, procurando imóveis à venda”, diz Debora.
Eles procuravam por localização, preço e tamanho e encontraram o que queriam na Chácara Santo Antonio, não tão distante da Berrini. O casal comprou um apartamento na planta, de cerca de 80 metros quadrados, três dormitórios e ampla área de lazer à disposição.
“O empreendimento fica nas proximidades de nossos trabalhos e é bem moderno. A área de lazer me chamou muito a atenção: tem piscina, quadras, salões, churrasqueira e área infantil ”, destaca a secretária.
Debora conta que a região não é tão valorizada quanto o Brooklin, mas ela acredita no potencial de desenvolvimento do bairro, uma vez que há, inclusive, uma estação de metrô em construção (da Linha 5– Lilás).
O casal fez um financiamento de 30 anos e está bastante feliz com o primeiro imóvel. “A região já é de fácil acesso, tem a linha do trem (da Linha 9–Esmeralda), comércio, serviços, e a chegada do metrô vai incrementar. Compramos um imóvel bem localizado, amplo e que vai valorizar”, diz Debora.
Incorporadoras como a Esser têm jovens como seu público-alvo. O diretor comercial da empresa, Fábio Sousa, diz que toda a projeção de lançamentos para os próximos três anos está voltada para o segmento. “Hoje, temos compactos com metragens de 34m² até 60m², bem localizados, com área de lazer e serviços incluídos, como os de limpeza, por exemplo. Esse é um público exigente”, diz.
Os novos projetos do grupo, de acordo com executivo, devem continuar investindo na comodidade dos compradores. Seguindo a tendência de apartamentos compactos, os lançamentos para os próximos anos terão entre 29 m² e 57 m², com até dois dormitórios, e infraestrutura completa de lazer e serviços nas áreas comuns.
De acordo com Sousa, os jovens de até 35 anos têm potencial de compra, e o mercado deve se adequar à realidade deles, criando produtos que atendam suas necessidades. Atualmente, a dificuldade das incorporadoras, segundo ele, é a escassez de terrenos em áreas bem localizadas da capital. “O Grupo Esser tem 26 terrenos no portfólio para continuar atendendo esse público. Isso facilitará a nossa vida nos próximos anos”, diz
Pesquisa de mercado. “Economia mais robusta, maior nível do emprego e renda sustentável levam o jovem a comprar a casa própria. Está mais fácil fazer um financiamento imobiliário”, diz o diretor geral da CrediPronto, Bruno Gama. A empresa de financiamento imobiliário é resultado da associação entre a consultoria imobiliária Lopes e o Banco Itaú.
Segundo ele, uma facilidade a favor dos jovens na hora de comprar um imóvel é a possibilidade de compor renda e utilizar do fundo de garantia (FGTS). “Mais da metade (55%) dos financiamentos realizados aqui são com renda de duas pessoas, e a maioria absoluta faz uso do FGTS na hora da aquisição”, diz.
Gama destaca que o uso do fundo é um atributo importante no momento da compra e da amortização. “A maioria dos bancos faz financiamentos de até 35 anos, mas a média de tempo para a quitação do imóvel, nessa faixa etária, é de dez anos.”
De acordo com estudo de 2013 da CrediPronto, 75% dos clientes que financiam um imóvel têm entre 28 e 44 anos, e 45% deles estão comprando o primeiro imóvel. Outro dado destacado na pesquisa anual da empresa é que jovens com idade média de 35 anos compram imóveis com valor de até R$ 750 mil.